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RESENHA: Vidas Secas Graciliano Ramos

“Vidas Secas” é um livro lançado em 1938. Ele conta a história de uma família pobre do sertão que precisa se mudar para lugares com menos seca. O livro faz parte da segunda fase do Modernismo, chamada de regionalista, e é considerado uma das melhores obras dessa época.

Graciliano Ramos usa um estilo simples e direto. Ele usa poucos adjetivos, o que ajuda a mostrar a secura do lugar e como isso afeta as pessoas que vivem lá.

Resumo

O livro tem 13 capítulos que podem ser lidos em qualquer ordem, menos o primeiro, “Mudança”, e o último, “Fuga”. Eles devem ser lidos juntos porque têm uma conexão importante. “Mudança” fala das dificuldades da família sertaneja na caatinga, enquanto “Fuga” mostra a família saindo da fazenda em busca de uma vida melhor. A miséria enfrentada pelos personagens em “Vidas Secas” mostra um ciclo. Quando tudo parece melhorar, a família é forçada a mudar novamente.

Fabiano é um vaqueiro rude do sertão nordestino. Ele não foi à escola e tem dificuldade com as palavras. Trabalha em uma fazenda e sente a dureza do seu patrão. Fabiano admira as pessoas que sabem se expressar, mas isso também o cansa.

Um dia, ele tem problemas em um bar com um soldado, que o desafia para um jogo. Depois de perder, o soldado o ofende. Fabiano fica calado, sem saber como se defender. Por fim, ele ofende a mãe do soldado e acaba preso. Na cadeia, ele pensa na sua família e no peso que sente por tudo isso.

Sinha Vitória é a esposa de Fabiano. Ela é uma mulher trabalhadora e cheia de fé. Cuida dos filhos e da casa, e ainda ajuda o marido no trabalho. É esperta e sabe fazer contas, alertando Fabiano sobre as pessoas que querem enganá-lo. Ela sonha com um futuro melhor para os filhos e não aceita a pobreza em que vivem. Um de seus sonhos é ter uma cama de fita de couro para dormir.

Naquele lugar de tristeza, dois meninos viviam sem perceber tudo ao seu redor. O mais novo via o pai como um exemplo. O mais velho queria entender uma palavra que ouviu: “inferno”. Perguntou a Sinhá Vitória, mas ela não explicou bem. Tentou perguntar a Fabiano, mas ele ignorou. Perguntou à mãe, que ficou brava e deu um tapa. Sem respostas, o menino só conseguia se confortar com a cadela Baleia.

Um dia, a chuva chegou e eles ficaram em casa ouvindo as histórias de Fabiano. Ele contava histórias que nunca viveu. Enquanto falava, pensava se a vida iria melhorar. O menino mais novo achava que a luz da fogueira deixava o pai com uma aparência estranha. Já o mais velho escutava Fabiano com desconfiança.

No Natal, a família foi à festa da cidade. Fabiano bebeu demais e se achou corajoso, pensando em se vingar do soldado que o prendeu. Cansado, fez de suas roupas um travesseiro e dormiu no chão. Sinhá Vitória estava exausta de cuidar dele e das crianças. Em um momento, decidiu fazer algo que queria: encontrou um lugar e urinar. Depois, acendeu um cigarro e sonhou com uma vida melhor.

Um dos momentos mais tristes foi quando Fabiano viu a cadela Baleia doente, com pelos caindo e feridas. Ele decidiu sacrificar a cadela. Sinhá Vitória chamou os filhos, que estavam contra a ideia, mas não havia escolha. O primeiro tiro atingiu Baleia e a deixou ferida. A cadela, mesmo com raiva de Fabiano, o via como um amigo. Ela morreu sentindo dor, enquanto imaginava um lugar melhor.

Assim a vida continuava difícil para essa família no sertão. Um dia, com o céu claro e sem nuvens, Fabiano viu os animais sofrendo e decidiu que era hora de ir embora novamente. Partiram de madrugada, deixando tudo para trás. Baleia estava sempre nos pensamentos de Fabiano. Sinhá Vitória tentava conversar durante a caminhada e os dois faziam planos para o futuro, sonhando com um destino melhor para os filhos.

Lista de Personagens

Baleia: é uma cadela que é tratada como parte da família. Ela pensa e age como gente.

Sinhá Vitória: é a esposa de Fabiano e mãe de dois filhos. Ela luta contra a pobreza em que vivem. É esperta e sabe fazer contas, sempre alerta sobre possíveis mentirosos.

Fabiano: é um vaqueiro rude e sem educação. Ele tem dificuldade em se comunicar e se sente mal por viver como um animal, sem ir à escola. Às vezes ele se sente orgulhoso por ser homem e enfrentar as dificuldades do nordeste, mas em outros momentos se vê como um animal. Está sempre buscando trabalho, bebe muito e perde dinheiro jogando.

Filhos: o mais novo admira o pai vaqueiro e a vida na terra. O mais velho não quer essa vida difícil do sertão e busca entender mais sobre as palavras, ficando mais próximo da mãe.

Patrão: é um fazendeiro desonesto que explora seus trabalhadores. Ele contrata Fabiano para trabalhar.

Sobre Graciliano Ramos

Graciliano Ramos de Oliveira nasceu em Quebrangulo, Alagoas, em 27 de outubro de 1892. Ele terminou o segundo grau em Maceió e depois foi para o Rio de Janeiro. Lá, trabalhou como jornalista por alguns anos. Em 1915, voltou para Alagoas e casou-se com Maria Augusta de Barros. Ela faleceu em 1920, deixando Graciliano com quatro filhos.

Ele foi prefeito em uma cidade pequena e, com a ajuda de Augusto Schmidt, publicou seu primeiro livro, “Caetés”, em 1933. Esse livro ganhou o prêmio Brasil de Literatura. Entre 1930 e 1936, morou em Maceió e publicou vários livros enquanto era editor, professor e diretor da Instrução Pública do Estado. Graciliano foi preso político durante o governo de Getúlio Vargas, enquanto se preparava para lançar o livro “Angústia”. Ele conseguiu publicar o livro em 1936, com ajuda de seu amigo José Lins do Rego.

Em 1945, Graciliano se juntou ao Partido Comunista do Brasil. Nos anos seguintes, viajou para a URSS e países europeus com sua segunda esposa. Dessa experiência, nasceu o livro “Viagem”, publicado em 1954.

Graciliano Ramos foi um importante autor do modernismo e denunciou as dificuldades do povo brasileiro, especialmente a miséria do sertão nordestino. Ele ficou muito doente em 1952 e faleceu de câncer de pulmão em 20 de março de 1953, aos 60 anos.

Suas principais obras incluem:

  • Close”Caetés” (1933)
  • “São Bernardo” (1934)
  • “Angústia” (1936)
  • “Vidas Secas” (1938)
  • “Infância” (1945)
  • “Insônia” (1947)
  • “Memórias do Cárcere” (1953)
  • “Viagem” (1954)
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