O candidato tucano Aécio Neves ganhou o round da primeira semana do segundo turno. Fechou um largo leque de alianças que começaram na segunda-feira, com a adesão do PPS, e terminaram no domingo, 12, com a declaração de apoio de Marina Silva e da família Campos, depois de receber apoios à esquerda e à direita, como do PSB e do PV, Pastor Everaldo e bispo Malafaia, Clube Militar e Jair Bolsonaro, sem falar no mercado e na Bolsa, que subiu com a divulgação da pesquisa Sensus, dando ao tucano 17,6 pontos porcentuais de vantagem sobre Dilma. Para facilitar a adesão de Marina, e atrair eleitores de esquerda decepcionados com Dilma, lançou um documento que encampa propostas e políticas dos governos petistas. Deitou e rolou no horário eleitoral explorando o conselho do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, para que a população boicote a carne, que tem subido de preço, trocando por peixe ou ovos.
Os petistas admitem sua vantagem inicial mas subestimam o efeito Marina Silva. Acham que ela tem limitada capacidade de transferir votos e que, antes de sua declaração de apoio, que demorou uma semana para acontecer, já tinham ido para o colo de Aécio seus eleitores que não ficariam mesmo com Dilma. Seriam de 60% a 70% dos que votaram em Marina no primeiro turno. Contestam a pesquisa Sensus/IstoÉ, que dá uma vantagem de 17 pontos ao tucano, apontando-a como parte do esforço da mídia para criar “fatos psicológicos adversos”. No tracking da campanha de Dilma, no domingo, ela estaria um ponto à frente de Aécio.
Avaliam que a largada vantajosa do tucano de decorreu do impacto positivo de sua virada espetacular na reta final do primeiro turno e da divulgação, ainda sob o calor da apuração, das revelações da delação premiada de Paulo Roberto Costa e Alberto Yousef. O efeito dos dois fatos já estaria se dissipando. A campanha de Dilma espera mudar o jogo na semana que começa hoje, apostando em três movimentos:
- Despertar a militância, que se intimidou ou ficou tonta com o resultado do primeiro turno. O PT está convocando sua tropa a voltar para a rua e enfrentar a batalha das duas próximas semanas.
- Lula começa amanha uma viagem de campanha pelo Norte e o Centro-Oeste. Depois irá a Pernambuco e ao Nordeste mas não quer ir agora, em cima da declaração de apoio da família Campos ao tucano.
- Dilma se prepara para ter um bom desempenho no debate de amanhã na TV Bandeirantes, de modo a obter melhor resultado nas pesquisas que serão divulgadas no final da semana.
Mas seu calcanhar de Aquiles continua sendo o inquérito sobre corrupção na Petrobrás, conduzindo pelo juiz Sergio Moro, que já propiciou a divulgação de revelações explosivas dos dois delatores, acusando PT, PMDB e PP de receberem propinas pagas por fornecedores da estatal. O PT vai recorrer ao STF para tentar enquadrar o juiz, acusando-o de agir com interesse eleitoral. Dilma vem sendo aconselhada a deixar este assunto com o partido, a parar de falar em golpismo e apenas defender punição para quem tiver culpa provada.
Nas duas próximas semana, os dois exércitos vão para o tudo ou nada, com todas as armas