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{Resenha} A Escolha – Kiera Cass

Livro: A Escolha
Título original: The One
Autor (a): Kiera Cass
Editora: Seguinte
Páginas: 352
ISBN: 9788565765374

Sinopse: A Seleção mudou a vida de trinta e cinco meninas para sempre. E agora, chegou a hora de uma ser escolhida. America nunca sonhou que iria encontrar-se em qualquer lugar perto da coroa ou do coração do Príncipe Maxon. Mas à medida que a competição se aproxima de seu final e as ameaças de fora das paredes do palácio se tornam mais perigosas, América percebe o quanto ela tem a perder e quanto ela terá que lutar para o futuro que ela quer. Desde a primeira página da seleção, este best-seller #1 do New York Times capturou os corações dos leitores e os levou em uma viagem cativante … Agora, em A Escolha, Kiera Cass oferece uma conclusão satisfatória e inesquecível, que vai manter os leitores suspirando sobre este eletrizante conto de fadas muito depois da última página é virada.

 TRILOGIA “A SELEÇÃO”
    1.  A Seleção
    2.  A Elite
    3.  A Escolha
    O espetáculo que é A Seleção está próximo de seu fim. Restam apenas quatro garotas na disputa pelo coração do príncipe Maxon, e, consequentemente, pela coroa de Iléia. America Singer já foi a candidata favorita do príncipe, mas o destino não pode deixar nada ser assim tão fácil. Depois de várias escolhas erradas e segredos revelados, a escolhida do príncipe não é mais uma certeza. 
   Disposta e decidida (finalmente!) a lutar com unhas e dentes para ficar com Maxon, America precisa enfrentar não apenas o Rei Clarkson – que parece detestar a menina com todas as forças, e é claro quanto a sua opinião em relação à America –, mas a opinião do público, os rebeldes – que, agora mais violentos, parecem estar em todas as partes de Iléia –, e, especialmente, a resistência do próprio Maxon em confiar nela novamente. Mas, dessa vez, eles parecem dispostos a, ao menos, tentar. 
A trilogia A Seleção, best-seller internacional da americana Kiera Cass, finalmente chega ao seu final com o livro A Escolha – que teve seu lançamento brasileiro simultâneo ao americano –, ou quase isso. A autora já publicou alguns spin-offs da série, e deve, nos primeiros meses de 2015, lançar “The Heir”, uma continuação para série, dessa vez focada nos herdeiros do trono. 
    O apelo da série A Seleção é evidente. Cass soube usar elementos clichês, mas que nunca saem de moda, de modo inteligente e instigante, criando o sucesso que é a série. A autora consegue, novamente, prender a atenção do leitor à história de Maxon e America, ainda que não possua nenhum elemento inovador e que, constantemente, acabe no mesmo lugar em que começou.
    A narrativa é contada mais uma vez por America, em primeira pessoa, o que transmite a quem está lendo uma visão mais pessoal e envolvida no enredo. É uma escrita simples, sem floreios, que consegue explicar corretamente os fatos sem se alongar demasiadamente, o que contribui para o rápido ritmo da leitura. Diferentemente dos livros anteriores, dessa vez a história é mais uniformizada, com uma novidade a cada capítulo e sem os devaneios de America, que não levavam a lugar nenhum (especialmente em A Elite). 
   O que acontece é que, como fã, eu gostei desse livro. Contudo, há tantas falhas e furos que se torna difícil ignorar-los. Acredito que o tenha me incomodado mais foi o fato de a autora, por ser o desfecho da trilogia, ter se preocupado muito mais em deixar a história “agradável” do que coerente. E é desse modo que cenários que já vinham sido construídos, como a situação dos rebeldes, são deixados de lado ou mal explicados; e, ainda, que todos saibamos que o foco da série não é a distopia, mas sim o romance, acredito que a falta de esclarecimentos atrapalha a história. 
    Além disso, em minha opinião, todo o encaixe dos fatos, todas as (poucas!) revelações concedidas pela autora acabaram sendo forçadas, artificiais demais. Foi como se, sem uma saída coerente, Cass tenha explicado algumas coisas de um modo superficial, ou, em alguns casos, não explicado nada. O melhor exemplo que consigo pensar para explicar meu ponto é o caso do personagem de Aspen.

“– Parecia uma boa ideia – respondi com uma careta.
– America, sua cabeça está cheia de más ideias. Ótimas intenções, péssimas ideias – ela comentou, compreensiva.”


    Há diversas atitudes tomadas por Aspen que são completamente injustificadas. No primeiro livro, conhecemos alguém que ama America, no segundo, que lutaria pelo amor dela, e, nesse terceiro livro… alguém que não parece ter, um dia, feito qualquer uma dessas coisas. É claro, pessoas amadurecem. Conseguimos ter essa noção quanto alguém muda gradualmente, mas creio ser impossível que mudanças tão abruptas no comportamento de certa pessoa acontecem sem um estopim (e, no caso de Aspen, não houve estopim). Ele simplesmente, entre um livro e outro – quando não há passagem de tempo entre os livros – tem sua personalidade completamente modificada. 



    Talvez, na realidade, o maior problema da série seja o fato de todos os seus personagens – e falo isso carinhosamente – serem uns chatos. É claro, cada um deles tem momentos interessantes e brilham em certas situações, mas, no geral, ninguém sabe exatamente o que quer, e, quando a vida de certo personagem toma um rumo, surgem empecilhos inexplicados e meio ridículos que atrapalham tudo – ou, pior, a personagem muda de opinião.
    Sobre o encerramento da série, creio que o livro tenha tido em final justo e satisfatório para série, ainda que com suas limitações. Veronica Roth, autora da série Divergente, marcou leitores ao inovar a expressão “final traumatizante”, e, felizmente, Kiera Cass decidiu tomar um caminho completamente diferente desse. É o fim que muitos dos seus leitores (inclusive eu!) esperavam, ainda que dúvidas tenham sido implantadas em nossas cabeças desde o início de A Escolha.
   O design por parte da Editora Seguinte é, como sempre, brilhante e digno de saudações. A capa é a mesma da linda original americana, e a diagramação interna é bela e delicada, ainda que consiga manter certa simplicidade. Não encontrei, nas páginas do livro, qualquer erro de revisão ou tradução, o que é sempre agradável. 
    Se acho que o livro poderia ter sido melhor? Com certeza. Contudo, se comparado com a evolução mostrada nos livros anteriores, A Escolha conseguiu se superar, sendo um tanto mais coeso e muito mais decisivo. Acredito, por fim, que A Seleção seja o tipo de série perfeita para uma distração, uma história mais juvenil e sem tanta profundidade. Gostei, sim, do livro, mas não o colocaria na lista de livros marcantes.

Primeiro parágrafo do livro:
“NAQUELE DIA ESTÁVAMOS NO GRANDE SALÃO aturando mais uma aula de etiqueta quando os tijolos começaram a voar através da janela. Elise se jogou no chão imediatamente e começou a rastejar em direção à porta lateral, choramingando. Celeste soltou um grito agudo e disparou para o fundodo salão, escapando por pouco de uma chuva de estilhaços de vidro. Kriss me puxou pelo braço, e começamos a correr juntas até a saída.”
Melhor quote:
“Você não é o mundo, mas é tudo o que torna o mundo bom. Sem você minha vida ainda existiria, mas só.”


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