{Resenha} Dama da Meia-Noite — Cassandra Clare

Livro: Dama da Meia-Noite
Título Original: Lady Midnight
Autor (a): Cassandra Clare
Editora: Galera Record
Páginas: 574
ISBN: 9788501401083

Sinopse: Em um mundo secreto onde guerreiros meio-anjo juraram lutar contra demônios, parabatai é uma palavra sagrada. O parabatai é o seu parceiro na batalha. O parabatai é seu melhor amigo. Parabatai pode ser tudo para o outro mas eles nunca podem se apaixonar. Emma Carstairs é uma Caçadora de Sombras, uma em uma longa linhagem de Caçadores de Sombras encarregados de protegerem o mundo de demônios. Com seu parabatai Julian Blackthorn, ela patrulha as ruas de uma Los Angeles escondida onde os vampiros fazem festa na Sunset Strip, e fadas estão à beira de uma guerra aberta com os Caçadores de Sombras. Quando corpos de seres humanos e fadas começam a aparecer mortos da mesma forma que os pais de Emma foram assassinados anos atrás, uma aliança é formada. Esta é a chance de Emma de vingança e a possibilidade de Julian ter de volta seu meio-irmão fada, Mark, que foi sequestrado há cinco anos. Tudo que Emma, Mark e Julian tem a fazer é resolver os assassinatos dentro de duas semanas antes que o assassino coloque eles na mira.Suas buscas levam Emma de cavernas no mar cheias de magia para uma loteria sombria onde a morte é dispensada. Enquanto ela vai descobrindo seu passado, ela começa a confrontar os segredos do presente: O que Julian vem escondendo dela todos esses anos? Por que a Lei Shadowhunter proíbe parabatais de se apaixonarem? Quem realmente matou seus pais e ela pode suportar saber a verdade? A magia e aventura das Crônicas dos Caçadores de Sombras tem capturado a imaginação de milhões de leitores em todo o mundo. Apaixone-se com Emma e seus amigos neste emocionante e de cortar o coração no volume que pretende deliciar tantos novos leitores como os fãs de longa data.

TRILOGIA “OS ARTIFÍCIOS DAS TREVAS”

    1. 

 Dama da Meia-Noite

    2.  Lorde das Sombras (tradução livre | 2017)
    2.  Rainha do Ar e da Escuridão (tradução livre | 2018)

NOTA DO RESENHISTA: Caro leitor, certamente observará que essa resenha ficou gigante. Se você for fã de Cassandra Clare, vai entender o motivo, mas, caso não seja, o motivo é que Cassandra Clare é a rainha da fantasia, e é impossível falar de seus livros sem devanear bastante em todos os sentidos… enfim, ela é maravilhosa. E não se preocupe, a resenha é inteiramente livre de spoilers, pelo contrário, darei ainda dicas sobre como acompanhar as séries da autora. Boa leitura!

Cassandra Clare chegou ao primeiro lugar nas listas do New York Times, USA Today, Wall Street Jornal e Publishers Weekly com as séries best-sellers dos Caçadores de Sombras: Os Instrumentos Mortais e As Peças Infernais. Os Artifícios das Trevas é uma nova trilogia, cujo primeiro volume é Dama da Meia-Noite. Ela também é coautora de As Crônicas de Bane, com Sarah Rees Brennan e Maureen Johnson, e escreveu com seu marido, Joshua Lewis, O Códex dos Caçadores de Sombras. Seus livros somam mais de 36 milhões de exemplares vendidos no mundo e foram traduzidos para mais de 35 idiomas. Um filme e uma série de TV foram inspirados em Os Instrumentos Mortais. Cassandra vive em Massachusetts. Visite sua páginas em cassandraclare.com e saiba mais sobre o mundo dos Caçadores de Sombras em shadowhunters.com
   Dama da Meia-Noite é mais um sucesso da rainha do fantasy urban, Cassandra Clare. A trama do livro inicia-se após cinco anos dos acontecimentos descritos em Cidade do Fogo Celestial, da série Os Instrumentos Mortais, e conta a história da shadowhunter Emma Carstairs e de outros caçadores de sombras do Instituto de Los Angeles. Já na primeira página do livro, deparamos com Emma no Mercado das Sombras da cidade, atrás de Johnny Rock, um mundano que tem a Visão e que é conhecido, claramente falando, como “um criminoso sabe tudo”, em busca de informações sobre os recentes assassinatos que têm ocorrido na cidade.
   Emma acredita (com quase toda certeza) que os recentes assassinatos podem ter alguma relação com o assassinato de seus pais — que a Clave (governo dos Caçadores de Sombras) julga ter sido obra de Sebastian Morgenstern, na Guerra Maligna, mas que Emma sabe que tem muito mais por trás dessa história. Como explicar que a morte de seus pais foi causada por Sebastian sendo que, anos após o fim da Guerra Maligna, aparecem novos assassinatos idênticos: pessoas marcadas com línguas desconhecidas, molhadas, queimadas e dentro de um círculo de invocação demoníaca
   Após uma inesperada visita do Alto Feiticeiro Magnus Bane a Los Angeles, a situação sobre os assassinatos começa a se revelar. Mas há corpos de fadas entre os mortos, e isso é  suficiente para que a Clave não se envolva ou tenha grandes interesses. Mas Emma, a melhor caçadora de sombras de sua geração não desistirá tão facilmente, não agora que o quebra cabeça está começando a se encaixar. Em sua aventura desconhecida e proibida pela Clave, Emma junta-se a seu parabatai Julian, sua melhor amiga, Cristina, e toda a família Blackthorn que reside no Instituto de Los Angeles, para descobrir qual a relação dos assassinatos com a história de seus pais, um poema de Edgar Allan Poe e um antigo teatro da cidade, O Teatro da Meia-Noite.
   Apesar do pouco conhecimento, e
da mediana vivência, o universo dos Caçadores de Sombras (Shadowhunters) é
atualmente o universo literário que mais me tem atraído, e isso se deve a tudo
que já saiu em relação a esse “mundo”
, desde os inúmeros livros que exploram o
universo criado por Cassandra Clare, as adaptações televisivas que vieram para
complementar essa criação que pode ser facilmente considerada como uma obra
prima da literatura fantástica
— principalmente em virtude do caráter inovador,
ao trabalhar com a chamada fantasia urbana
(fantasy urban). Conheci Cassandra
Clare ao assistir o filme Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos, primeira
adaptação do universo criado pela norte-americana. E somente neste ano, em virtude
do lançamento, em Janeiro, da série televisiva Shadowhunters (confira nossa crítica aqui), baseada nos livros de Os Instrumentos Mortais, é que finalmente
tirei um tempo para ler o primeiro livro.

   Cidade dos Ossos foi,
definitivamente, o livro mais rápido que eu já li — tipo, só numa noite eu li
mais de 200 páginas. Cassandra Clare me alcançou de uma forma que eu não
esperava
, e isso foi impactante ao ponto de me fazer considerar Cidade dos
Ossos como minha melhor leitura de 2016
— até o momento —, e inacreditavelmente,
o mesmo aconteceu com Dama da Meia-Noite, a nova série da autora, ainda
trabalhada no universo dos Caçadores de Sombras — um universo que só a Clare
sabe explorar de forma a nos fazer virar a noite lendo, relendo, amando,
morrendo
… enfim. Minhas expectativas eram altas, e mais uma vez Cassandra
Clare não me decepcionou
, muito pelo contrário!

   No tocante a narração, como em
toda a estrutura da trama, percebemos uma evolução da autora — o que é
assustador, em virtude de que isso não acontece com frequência. Geralmente os
autores sempre fazem as coisas da mesma forma, sem poucas inovações na
narração, na descrição ou no desenrolar da história. Mas Cassandra Clare não
foi considerada a nova rainha da fantasia atoa!
A autora, conhecida por dar
lugar aos diálogos e não focar muito em narrações/devaneios
, em Dama da
Meia-Noite
aposta numa justaposição das duas coisas: nem dialoga demais, nem
narra de menos, mas coloca ambas as coisas em equilíbrio. 

— Ninguém é perfeito, Emma.
— Mas alguma pessoas são perfeitas umas para as outras. Não acha que isso tem que ser verdade? Um olhar estranho atravessou o rosto de Cristina e desapareceu tão depressa que Emma teve certeza de que o tinha imaginado. Às vezes, Emma se lembrava de que, por mais próxima que se sentisse de Cristina, ela não a conhecia; não a conhecia como conhecia Jules, do jeito que se conhece alguém com quem você compartilhou todos os momentos desde a infância.


   A narração ainda é em terceira
pessoa
, de modo a explorar melhor as cenas e os personagens, e, apesar dessa
construção que muitas vezes não aborda o todo, temos uma incomum clareza na trama.
Com Dama da Meia-Noite, eu senti como se acompanhasse uma boa novela, entendem?
Cada capítulo se apresenta de forma despretensiosa, com parte soltas, que
juntas formam o incrível todo. Apesar dessa evolução, a narrativa ainda é
extremamente acelerada
, mesmo com as mais de 500 páginas — que devem ser
apreciadas, devoradas, mas não lidas com desinteresse ou qualquer tipo de
receio.

   Dentre todas as coisas, o
universo criado pela autora e a capacidade incrível que ela tem de desenvolvê-lo
é o que mais chama atenção
. Galera, já são três séries, mais de 10 livros e
mais de 15 contos que exploram o universo dos Caçadores de Sombras. E o melhor
de tudo isso é que é tão interessante e puramente bom que sempre ficamos ávidos
por mais! Eu, particularmente, acho isso incrível, porque ela — a autora — já
criou tanto desse universo que, mesmo em séries distintas, tudo se conecta e
nos dá aquela sensação de realidade — de algo quase tangível.

   A principal dúvida é: preciso ler primeiro Os Instrumentos Mortais ou As Peças Infernais para ler Dama da
Meia-Noite?
A resposta é: não! Dama da Meia-Noite compartilha o mesmo universo
que as outras duas séries citadas, contudo conta uma trama e uma realidade
diferente. Claro que é, sim, sugerido que vocês já sejam familiarizados com o
universo Shadowhunters, mas isso não é algo obrigatório. Pode ler qualquer uma
das séries, na ordem que quiser
. Para auxiliá-los nessa difícil tarefa de
compreender as aventuras de Cassandra Clare, separamos os livros do universo
dos Caçadores de Sombras primeiramente em séries e depois em ordem de
acontecimentos
— uma lista oficial, divulgada pela própria autora, que pode ser
utilizada para quem deseja conhecer/começar a ler sobre os Shadowhunters.

DIVISÃO POR SÉRIES
SÉRIE “OS INSTRUMENTOS MORTAIS”

    1. 

 Cidade dos Ossos

    2.  Cidade das Cinzas
    3.  Cidade de Vidro

    4. 

 Cidade dos Anjos Caídos

    5.  Cidade das Almas Perdidas
    6.  Cidade do Fogo Celestial


TRILOGIA “AS PEÇAS INFERNAIS”

    1. 

 Anjo Mecânico

    2.  Príncipe Mecânico
    3.  Princesa Mecânica



LIVROS

 EXTRAS

    1. 

 O Códex dos Caçadores de Sombras

    2.  As Crônicas de Bane
    3.  Contos da Academia de Caçadores de Sombras


TRILOGIA “OS ARTIFÍCIOS DAS TREVAS”

    1. 

 Dama da Meia-Noite
    2.  Lorde das Sombras (tradução livre | 2017)
    3.  Rainha do Ar e da Escuridão (tradução livre | 2018)
OBS: Além das séries descritas acima, já foram confirmadas pela autora mais duas séries sobre o universo dos Caçadores de Sombras, são elas: The Last Hours, que passa-se 25 anos após os fatos descritos em As Peças Infernais e The Wicked Powers, que passa-se anos após os acontecimentos de Os Artifícios das Trevas.
DIVISÃO POR ACONTECIMENTOS/CRONOLOGIA
    1.  Anjo Mecânico

    2. 

 Principe Mecânica

    3.  Princesa Mecânica
    4.  Cidade dos Ossos

    5. 

 Cidade das Cinzas

    6.  Cidade de Vidro
    7.  Cidade dos Anjos Caídos

    8. 

 Cidade do Fogo Celestial

    9.  Contos da Academia de Caçadores de Sombras
  10.  Dama da Meia-Noite

OBS: Quanto aos livros extras, principalmente As Crônicas de Bane, são bem relativos por apresentarem, por exemplo, contos que acontecem no passado, futuro, presente… depende do livro e da série que você está lendo, mas, caso tenham dúvidas, confiram mais informações sobre a ordem cronológica no site Idris.

   Ufa! Espero que tenham entendido tudo — qualquer dúvida, é só comentar, hein? Continuando… falemos agora sobre os personagens. Ah, os personagens… outro fator que merece imensurável posição de destaque. Clare valoriza demais seus personagens, então se você viu ela falando de fulano, pode crer que ela ainda vai escrever um livro sobre a vida dele. Trazendo um exemplo de nossa atual realidade, dessa resenha, é o fato de ninguém ter entendido essa Emma aparecendo no final de Cidade do Fogo Celestial, e outras pessoas, da família Blackthorn, por exemplo. Agora entendemos a jogada. Aquilo, em Cidade do Fogo Celestial, foi apenas uma jogada estratégica, para logo depois fazer uma trilogia sobre os desventurosos que aparecem ao término de Os Instrumentos Mortais

   Então, só por esse fato, já podemos perceber que um ponto positivo de Clare é que ela sempre valoriza os personagens — até mesmo os secundários! Em Dama da Meia-Noite, temos personagens amáveis, tangíveis e (como sempre) nos apegamos demais a eles. Um ponto importante é se preparar para amar novos personagens e ter em mente que, sim, os antigos são revisados. Aqui temos Clary, Jace, Magnus e vários outros que foram de suma importância nas outras séries — isso na edição de colecionador, que vem com capítulo extra. Emma, me cativou bastante — mais que a Clary, inclusive —, e é até difícil de explicar, porque a construção dela foi muito bem idealizada, juntamente com seu parabatai, Julian. 

   Plagiando o blog Caçadores de Livros (porque amei demais a clara definição que eles deram), “e

nquanto Julian era a calma, a razão, Emma era a vingança, a emoção. Combinação perfeita para parabatai durante lutas. Emma era movida pelo desejo de descobrir quem matou seus pais e se vingar. Julian era movido pela esperança de um dia conseguir reunir seus irmãos metade fada à família”. Sem contar que, finalmente, vamos saber mais sobre as relações parabatai e o por que deles não poderem se apaixonar, e, gente, é mais incrível do que imaginamos. De forma geral, os personagens são muito bem desenvolvidos, e, como dito, até mesmo os secundários ganham espaço. 
   Muitas pessoas criticaram o romance do livro. Como não sou de dar spoilers, deixo que vocês descubram ou imaginem as coisas, mas já garanto que o romance do livro é melhor desenvolvido que o de Clary e Jace, em virtude de que agora temos algo mais leve, que acontece devagar e acaba por ser inteiramente fundamental no desenrolar da trama. Resumindo: o romance não foi problema! Na verdade, problema pra mim foi o fato do livro não vir acompanhado de uma lista de personagens. Desde o principio, tenho essa ideologia que, sim, os livros da Cassandra Clare têm de vir com uma lista das famílias, da Clave… assim como acontece em As Crônicas de Gelo e Fogo. Confesso que , mesmo após ter terminado o livro, eu ainda não consigo identificar muito bem os membros da família Blackthorn. Ademais, foi um livro muito grande, e isso as vezes soa negativo, mesmo que em momento algum a história soe “chata” ou “desinteressante”. 
   A edição, meu Deus… ficou muito bonita, principalmente a de colecionador, que é essa que resenho. Ela vem acompanhada de um capítulo extra (de matar os fãs de AVC) e é holográfica. A capa é inteiramente coerente aos fatos descritos no livro, no sentido de fazer uma certa alusão, e mostra Emma com sua espada Cortana — confesso que é a capa mais bonita de todos os livros da Clare! A diagramação também está impecável, com um design interno com fontes grandes e agradáveis, mapas e desenhos nas orelhas, e folhas de papel off-white. O único problema que me deixou um tanto quanto surpreso foram os erros de revisão que, em comparação com o excelente trabalho da editora, se mostraram fora da média que geralmente existe. Contudo, relevei, pois apesar de incomodar, não interfere na qualidade do material. 
   Por fim, deixo claríssimo que é uma ótima leitura — definitivamente uma das melhores do ano! Cassandra Clare consegue, em seu gesto literário, ser grandiosa, inovadora e manter sempre o bom dinamismo. Dama da Meia-Noite é mais que uma fantasia urbana, mas um livro sobre a amizade, o amor, o feminismo, o respeito e as descobertas. Onde a autora, de forma instigante e fluída,  revolta-se contra o que cria e nos mostra que sempre podemos ir além. Nos mostrando que sed lex, dura lex (a lei é dura, mas é lei). Contudo, lex malla, lex nulla (uma lei ruim, não é uma lei). Isso que nem falei das referências culturais! Em Dama da Meia-Noite temos mistérios envolvendo um poema do Edgar Allan Poe (que eu enlouqueci, por gostar demais do autor), referências a músicas, cultura nerd e outros. Uma leitura mais que recomendada!

Primeiro parágrafo do livro: “As noites no Mercado das Sombras eram as preferidas de Kit. Eram as noites em que ele podia sair de casa e ajudar o pai no estande. Frequentava o Mercado das Sombras desde os 7 anos”.
Melhores quotes: “A batalha é mais do que saltar das maiores alturas e cair mais longe.”
“Quando você ama alguém, a pessoa se torna parte de quem você é. Está presente em tudo que você faz. Ela é o ar que você respira, a água que você bebe e o sangue que corre em suas veias. O toque dela fica na sua pele, a voz permanece nos seus ouvidos e, os pensamentos, na sua cabeça.”
“Nenhuma situação em que você não tenha escolha é boa”.
“As pessoas complicam as coisas porque as pessoas são complicadas”.

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