{Resenha} Reboot — Amy Tintera

Livro: Reboot
Título original: Reboot
Autor (a): Amy Tintera
Editora: Galera Record
Páginas: 352
   ISBN-13: 9788501401090

Sinopse: “Reboot – Quando grande parte da população do Texas foi dizimada por um vírus, os seres humanos começaram a retornar da morte. Os Reboots eram mais fortes, mais rápidos e quase invencíveis. E esse foi o destino de Wren Connolly, conhecida como 178, a Reboot mais implacável da CRAH, a Corporação de Repovoamento e Avanço Humano. Como a mais forte, Wren pode escolher quem treinar, e sempre opta pelos Reboots de número mais alto, que têm maior potencial. No entanto, quando a nova leva de novatos chega à CRAH, um simples 22 chama sua atenção, e, a partir do momento que a convivência com o novato faz com que ela comece a questionar a própria vida, a realidade dos reinicializados começa a mudar.”

DUOLOGIA “REBOOT”

    1. 

 Reboot
    2.  Rebel

   Quando um vírus se espalhou pelos Estados Unidos, o estado do Texas foi o primeiro a fechar as fronteiras para a não propagação da doença — e, consequentemente, o único estado que restou. O KDH infectou e matou milhares, até que as pessoas infectadas começaram a apresentar uma característica peculiar: elas voltavam a vida. No início, os Reboots, reiniciados, como foram chamados, eram aclamados como messias, mas não demorou muito para os seres humanos perceberem que as pessoas que amavam não eram as mesmas que voltavam à vida. Essas pessoas retornavam da morte mais fortes, ágeis e quase invencíveis, mas a grande consequência era a perda da humanidade; quanto mais tempo alguém fica morto, mais forte ele retorna, mas também mais frio. 
   Wren Connolly é a Reboot mais implacável da CRAH, a Corporação de Repovoamento e Avanço Humano, responsável por capturar humanos rebeldes e treinar os novos Reboots, que chegam à corporação a cada duas semanas. Ela ficou 178 minutos morta antes de retornar a vida, e, por isso, é praticamente isenta de emoções humanas; também é a mais famosa Reboot, conhecida por todos, até mesmo humanos, por ser invencível. Os Reboots são divididos em dois grupos, os mais fracos, -60, e os mais fortes e incomuns, +120. Sendo o maior número da CRAH — já que os Reboots, subjugados pelos humanos, são vistos como aberrações e tratados pelos seus números — ela é sempre a primeira a escolher o novato que deseja treinar, sempre optando pelo número mais alto. 
   Quando um mero 22, um número baixo até para os padrões dos -60, chega ao treinamento, Wren inicialmente não pensa duas vezes sobre o rapaz. Mas algo parece ser diferente, tão humano, em Callum, como ele prefere ser chamado, que a 178 se vê cada vez mais com ele na mente. É depois de começar a conversar com Callum, mais pela insistência do rapaz do que por vontade própria, que Wren começa questionar preceitos que antes apenas seguia cegamente, sobre sua vida, a organização a qual ela serve e seus próprios sentimentos: será ela tão fria como a CRAH e os humanos afirmar que os Reboots são? Será que eles não tem o direito à liberdade e a uma vida própria?
    
    Distopia de estreia da autora Amy Tintera, Reboot é um bestseller, e o primeiro volume da série que já conta com dois volumes publicados nos Estados Unidos. Situando sua história em um mundo pós-apocalíptico, Tintera conseguiu utilizar um tema tão usado de uma maneira única, levando o gênero das distopias a um nível elevadíssimo, visto apenas poucas vezes. Reboot veio para preencher o vazio que séries como Divergente deixaram, e creio que o enredo possui todos elementos para ser uma das melhores séries distópicas já escritas. 
   Minhas expectativas iniciais para Reboot não eram altas, e talvez isso tenha contribuído para com a minha adoração pela história. Com uma sinopse interessante, mas que revela apenas o suficiente para despertar o interesse, achei incrível o fato de a autora ter conseguido abordar tantos diferentes prismas, fazendo algo que muitas séries contemporâneas não conseguem: trazer a história elementos diferenciados, algo novo e estimulante no enredo e na essência de seus personagens. 
   A narração da obra é em primeira pessoa, pelos olhos da protagonista, e traz uma narrativa um tanto acelerada e sem muitos preâmbulos. Achei interessante o modo como a autora decidiu contar os fatos justamente pelo teor acelerado e um tanto frenético do texto, sem dar espaço a fatos desimportantes e cotidianos demais, a todo o momento acrescentando uma explicação acerca do passado de Wren ou dos Reboots em geral. 
   Talvez não seja o ritmo ideal para todos e hajam leitores que acreditam que as coisas aconteciam rápido demais: mas esse foi, justamente, algo que me chamou atenção e que adorei sobre o livro. O ar dinâmico e acelerado, assim como o dia a dia dos soldados Reboots, foi apenas um elemento a mais, algo que nos situa ainda mais perfeitamente na atmosfera de guerra e missões que eles recebem diariamente. Além disso, devido aos supracitados fatos, a leitura é rápida e envolvente, sendo praticamente impossível de deixar de lado. 
   O que mais me agradou na leitura, contudo, foi a maneira como os fatos são desenvolvidos. Eu explico: em uma distopia, gênero que recentemente começou a lotar o mercado e é, em geral, voltado a jovens, é quase certo que o leitor encontrará uma história envolvente, mas poucas vezes bem desenvolvida. Isso não é algo que necessariamente atrapalha leitura, mas que pode ser incômodo quando pensamos no enredo como um todo. Reboot, posso afirmar felizmente, é um dos livros que fogem a tal regra. 

   Amy Tintera consegui estender até o ponto exato cada um dos ocorridos presentes no enredo, e, melhor do que isso: em um livro de tamanho médio, pendendo para uma quantidade relativamente pequena de texto, ela soube desenvolver perfeitamente cada um dos fatos que se dispôs a acrescentar na história. Desse modo, tudo acontece tomando o seu tempo — mesmo que, como eu já tenha dito, hajam várias informações adicionadas em poucas páginas —, com nenhum dos fatos ficando incoerente ou mal explicado. E um de tais fatos, como não posso deixar de citar, é o relacionamento de Wren e Callum. 
   Esses dois são, honestamente, um dos casais mais bem construídos que eu já tive o prazer de conhecer em uma história. De início, é fácil pensar em como os dois são diferentes — e, como logo afirmarei, em certos aspectos eles realmente são! —, mas é apenas quando a relação começa a se desenvolver que vemos o quanto os dois combinam juntos, e que têm mais semelhanças que se importam em admitir. Mas o interessante é que não se trata de um casal “perfeito”, que concorda sempre e pensa da mesma maneira; entre suas discordâncias e pontos de vistas pelas vidas diferentes que levaram, eles se completam. 
    Outro aspecto do livro que não posso deixar de comentar é seu eletrizante final. Somos introduzidos de um modo espetacular e muito bem arquitetado ao próximo livro da série, Rebel, que promete ser ainda mais emocionante. É impossível não terminar o livro e ficar um tanto desesperado, sedento pela continuação dessa história arrebatadora. Como ainda não há uma previsão de lançamento para o segundo livro aqui no Brasil, posso dizer como uma fã que minhas expectativas estão altíssimas, e meus nervos, ansiosos. 
    A edição por conta da Galera Record é linda, sendo um trabalho ao mesmo tempo simples e belo, mas com um profundo significado para com a história de Wren. O livro possui, em sua edição brasileira, 352 páginas, mas é válido frisar que se trata de uma edição um pouco menor em termos de tamanho do livro, por isso, o texto não é tão grande. A diagramação e revisão estão impecáveis, sendo que durante a leitura não encontrei nenhum erro no texto, e creio que a tradução merece elogios. 
   Trata-se, por fim, de uma série que acredito ter um enorme potencial, e que promete ficar ainda melhor nos próximos volumes. Mal posso esperar para conhecer mais da emocionante e cheia de adrenalina história que acompanha Wren e Callum, e indico a série para qualquer leitor que procure uma história inovadora, profunda e interessante!

Primeiro parágrafo do livro:
“ELES SEMPRE GRITAVAM.”

         

5/5 - (1 voto)
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